Categoria: Aeroportos
11/06/2015
RIO - A intenção do governo de conceder à iniciativa privada a gestão
dos aeroportos de Salvador e Fortaleza já no primeiro trimestre do próximo ano
tende a impulsionar o setor de turismo no Nordeste, hoje concentrado no eixo
Rio-São Paulo. Mas, apesar da expectativa de criação de novos voos nacionais e
internacionais — principalmente para a Europa — e da maior concorrência entre
os aeroportos, especialistas avaliam que é preciso investir na infraestrutura
de acesso aos terminais para evitar erros como o do Aeroporto de São Gonçalo de
Amarante, no Rio Grande do Norte, leiloado em 2011 e que até hoje tem acesso
precário.
Na segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL),
anunciado anteontem pelo governo, o Aeroporto de Salvador deve receber
investimentos de R$ 3 bilhões e ganhar uma segunda pista. Para o de Fortaleza,
a previsão é de recursos de R$ 1,8 bilhão com a ampliação do pátio e do
terminal de passageiros. O PIL prevê a privatização de Florianópolis e Porto
Alegre, com R$ 3,6 bilhões.
— Haverá maior competição no Nordeste, pois os consórcios que levarem
esses aeroportos vão disputar as empresas aéreas oferecendo melhores condições.
Isso abre espaço para mais voos. Mas o governo tem que fazer a parte dele. O
aeroporto no Rio Grande do Norte acabou virando uma ilha porque não recebeu as
obras de ligação com a cidade — diz Jorge Leal Medeiros, professor da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
NOVO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE VOOS
Renato
Kloss, do escritório Siqueira Castro Advogados, lembra que a maior competição
vai permitir mais investimentos na malha aérea do Nordeste, região que vai
receber novo centro de distribuição de voos (hub) da TAM. A aérea vai
escolher entre Fortaleza, Recife e Natal a sede de seu centro de conexões de
voos entre América do Sul e Europa até fins de 2016.
— A concessão vai permitir maior desenvolvimento do Nordeste e aumentar
a qualidade. O Nordeste é o destino de 30% das viagens no Brasil e recebeu 436
mil estrangeiros no ano passado. Havia ainda um pleito de Recife, que acabou
ficando de fora. Natal, por exemplo, é o ponto mais perto da Europa e ainda
disputa um novo hub da TAM. Mas é preciso resolver a questão
do acesso ao aeroporto — disse o ministro do Turismo, Henrique Alves.
As companhias aéreas se mostram otimistas com a maior concorrência. A
American Airlines, que tem dez voos semanais de Salvador e Recife para Miami,
conta com média de 80% de ocupação. Segundo Alexandre Cavalcanti, gerente de
vendas da empresa, um maior investimento nos aeroportos vai melhorar a qualidade
para os passageiros:
— Além disso, com maior concorrência nos aeroportos, as taxas para as
companhias podem baixar, estimulando novas oportunidades.
— Haverá mais voos e mais qualidade. Há um desejo das empresas para isso
— diz ele.
Depois que as construtoras envolvidas na Operação Lava-jato, como UTC,
OAS e Engevix, levaram parte dos aeroportos concedidos, como os de Brasília,
São Paulo e Natal, a formação dos futuros consórcios aparece como fator de
preocupação.
— Haverá empresas suficientes? Ninguém sabe quem pode aparecer — disse
uma fonte do governo que não quis se identificar.
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