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Notícia

Excepcionalismo alemão

Categoria: Centros Logísticos

28/09/2014

Por Harold Meyerson

Se você mora em uma economia avançada — na Europa Ocidental, Japão ou Estados Unidos —, as probabilidades são de que você esteja desalentado. A menos que você viva na Alemanha.

Este mês, o Pew Research Center (instituição de pesquisa) divulgou os resultados de sondagens realizadas em 44 nações — dez delas que o Pew caracteriza como economias “avançadas” (incluindo os Estados Unidos, França, Japão, Alemanha, Itália e Reino Unido). As duas principais questões-chave colocadas foram se os entrevistados estavam “satisfeitos ou insatisfeitos” com a forma como as coisas estavam indo em seus países e se achavam que a “situação econômica no país era boa ou ruim”. No geral, a satisfação com o próprio país seguiu o julgamento do entrevistado sobre a economia, como a noite ao dia.

Enquanto o sol do meio-dia estava ardendo na China (onde 89% julgaram a economia boa e 87% expressaram satisfação com a forma como as coisas estavam indo — admitindo que alguns podem ter temido dar respostas negativas), a noite tinha caído sobre as pessoas nas outras principais economias. Nove em cada dez pessoas estavam mais insatisfeitas do que contentes com a forma como as coisas eram conduzidas e, para oito delas, a situação econômica do país era ruim. A composição política dos governos parece não importar. No conservador Reino Unido, 55% disseram que a economia estava ruim; nos Estados Unidos liderados por Obama, 58% afirmaram o mesmo. No nacionalista-keynesiano Japão, foram 63%; na socialista França, 88%; na conservadora Espanha, 93%. O continente mais sombrio (incluindo tanto as economias avançadas, como as emergentes, tais como Polônia e Ucrânia) foi a Europa, onde 88% disseram que as economias não estavam indo bem.

Exceto na Alemanha. Plenos 85% dos alemães disseram que a situação econômica da terra natal era boa. Como podemos estimar este excepcionalismo alemão?

Vamos começar com a produção industrial. Como as duas únicas nações com percentagens ainda mais elevadas exaltando as próprias economias (China e Vietnã), a Alemanha é um dínamo de exportação, com um enorme superávit comercial que reforça os cofres. O país deve parte deste saldo positivo ao euro, que torna os produtos alemães mais baratos do que seriam se a Alemanha tivesse a própria moeda. Mas parte é devida à força do setor industrial do país e à concomitante fraqueza do seu setor financeiro.

Muitas das empresas mais bem-sucedidas da Alemanha são de propriedade privada e não sujeitas a pressões dos investidores para recompensar grandes acionistas através de práticas prevalentes nos Estados Unidos, tais como cortar salários, economizar na formação dos funcionários, em pesquisa e desenvolvimento, e recomprar ações. As empresas alemãs de capital aberto ainda mantêm ganhos para investir em expansões, uma prática que era norma nos Estados Unidos até que a doutrina de gratificar acionistas com quase todos os lucros da empresa teve seu auge na último quarto de século.

Nos Estados Unidos, os acionistas majoritários e os principais executivos, cujos salários cada vez mais estão ligados ao preço das ações, controlam as direções corporativas que aprovam esses tipos de distribuições de ganhos. Na Alemanha, no entanto, os lucros que as empresas acumulam são compartilhados de forma mais ampla porque os acionistas não dominam os conselhos de administração. Por lei, qualquer grande empresa alemã deve dividir os assentos igualmente entre representantes da gerência e dos trabalhadores. Toda empresa com mais de 50 empregados deve ter reuniões regularmente dos gestores com os conselhos dos trabalhadores para discutir e negociar as condições de trabalho (mas não os pagamentos). Estes acordos têm assegurado, em grande medida, que o financiamento está lá para os melhores programas de treinamento de trabalhadores de todo o mundo, e que os postos de trabalho mais qualificados e remunerados de empresas globalizadas alemãs, como Daimler e Siemens, permaneçam na Alemanha. Eles garantiram que a prosperidade seja amplamente compartilhada na Alemanha — não concentrada no topo, como é nos Estados Unidos.

Ao longo dos anos 1980 e 90, as autoridades governamentais e os financistas americanos repetidamente aconselharam os alemães a se aproximar do programa de Wall Street: coloquem a produção em países mais baratos, disseram; construam seus mercados de capitais; deem aos acionistas um papel maior. Sabiamente, os alemães refutaram.

Os americanos têm, compreensivelmente, aumentado a preocupação de que quase todo o crescimento de renda aqui vai para os 1% mais ricos. Eles estão aprovando aumentos do salário mínimo em várias cidades e estados. Mas o caminho para uma economia mais equânime vai requerer mais do que isso. Exige a reformulação do controle corporativo em linhas alemãs. A chave para uma economia mais justa — e uma nação mais feliz — é o controle mais equitativo das instituições econômicas.

Apenas 40% dos americanos dizem que a situação econômica do país é boa, enquanto 85% dos alemães sentem desta forma. É hora de importar algo do excepcionalismo alemão.

Harold Meyerson é colunista do “Washington Post”
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